A BÊNÇÃO DO MESTRE

 

 

Como dito certa vez por um devoto de Bhagavan Ramana Maharshi, quando pela primeira vez esteve em Sua presença: "Há dias tão inesquecíveis, que ficam gravados no calendário da vida com números de ouro". Este texto refere-se à exultação de uma alma; apenas vai entendê-lo e, talvez, tirar algum proveito dele, quem está familiarizado com a vida de Bhagavan (título respeitoso que significa algo como "Deus revestido de carne").

 

Durante a meditação desta madrugada, repentinamente me encontrei no salão onde Bhagavan morava. Ele estava sentado na extremidade de um longo sofá, com as pernas cruzadas sob o corpo. Em uma esteira, no chão, acomodava-se um devoto/atendente. Não havia outras pessoas na sala. Na verdade, não cheguei sozinho; mas, sim, acompanhado pela esposa, e tive a nítida sensação de que o local me era familiar.

Sentamo-nos na outra extremidade do sofá, a distância respeitosa do Sábio, que mantinha-se indiferente ao que ocorria à sua volta. Após longo tempo, Ele virou-se de lado e, encarando-me diretamente nos olhos, com um sorriso bondoso nos lábios, fez uma pergunta sem importância, provavelmente com a intenção de quebrar a solenidade da situação. Não respondi imediatamente, pois avaliava as palavras e o tom de voz que deveria usar. Finalmente, respondi da melhor maneira possível; Bhagavan, porém, mantinha Seus olhos fixos nos meus, ainda sorrindo carinhosamente. Subitamente, o sorriso deu lugar a uma expressão séria; o olhar também mudou: tornou-se mais profundo e penetrante; senti que Ele não mais olhava para "mim", mas para dentro de "mim". No mesmo instante, a mente, tão rebelde e poderosa, curvou-se, dócil e submissa, sob o impacto da força avassaladora que irradiava aquele olhar. Ficou claro que ali havia um Mestre e um discípulo. Após dramático e indeterminado intervalo de tempo, Bhagavan aproximou-se, puxou-me para si e me envolveu em forte abraço. Senti vivamente a proximidade física, através do tato e do olfato. Ele nada falava e esta alma tentava controlar-se; todavia, não deu para segurar: comecei a chorar muito. O abraço afrouxou-se, levantei a cabeça e vi de volta o doce sorriso de compaixão, em Sua face. Então, Bhagavan ergueu-se e saiu da sala, seguido pelo atendente. Olhei para a esposa e percebi que ela também havia chorado. De repente ouço, lá longe, o conhecido som do despertador que me traz de volta a este mundo, informando que o dia vem nascendo e a labuta diária me aguarda...

 

 

Se és devoto(a) de Bhagavan Ramana, não te entristeças devido à Sua ausência física, pois Ele está aqui e agora.

 

14/08/2011

 

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