COMENTÁRIOS PRELIMINARES

 

 

Na verdade, estes comentários são posteriores à inclusão do 18º texto, "A cura para todos os males". Resolvi reler, de uma só vez, todos os textos publicados, para ter uma visão geral do que apresentei até agora, e as conclusões foram colocadas aqui, como introdução.

 

Percebo claramente que tudo o que já foi exposto e, provavelmente, tudo o que ainda será exposto, está contido no primeiro texto ("Um sonho de Natal"); portanto, se você não se identificar com ele, não precisa perder tempo com os outros. Outra evidência é que tenho usado termos diferentes, para indicar uma mesma coisa. Na maioria das vezes a dissociação foi proposital, para não me acostumar a associar apenas uma palavra ou expressão a determinado fenômeno. A exceção é "Reino de Deus", que sempre uso para me referir à meta da vida, pois acho esta expressão doce e inspiradora; mas, isto é apenas uma opinião pessoal.  Um termo ou conceito é tão bom ou tão ruim quanto qualquer outro, pois sempre é relativo. O importante é termos a percepção interior daquilo que o fenômeno significa e, não, como ele foi rotulado pelo mundo. Por exemplo: usei os termos "consciência", "consciência pensante", "consciência objetiva", "eu", "ego", "alma" e talvez outros, para me referir à personalidade de cada um. Nos dicionários impressos e na internet há, provavelmente, minuciosas descrições para estes termos,  mas que nunca corresponderão à Verdade sobre eles. É suficiente descobrirmos como os fenômenos manifestam-se dentro de nós e como interagir com eles. Se alguém me pedir definições pessoais para estas e outras expressões que usei nos textos, não poderia fazê-lo, pois não tenho nenhuma pronta (quem achar importante saber o que penso sobre cada uma delas, deve procurar no contexto). É claro que, para ser inteligível, preciso me valer de palavras para expressar a percepção interior e, então, procuro usar os termos, em língua portuguesa, mais conhecidos e que me pareçam os mais adequados para cada ocasião (prefiro não usar expressões em sânscrito, que muitos afirmam ser mais abrangentes, porque nunca tentei decorar o que elas significam). Não vamos nos preocupar com rótulos: quando for necessário, para a nossa evolução, que conheçamos definições para "ego", "alma", "espírito", etc., elas naturalmente brotarão em nossos Corações (outro termo que não sei explicar com palavras, exceto que não é o órgão físico). Devemos ter fé que é assim, porque os 'milagres' da Sabedoria espiritual estão sempre acontecendo. Um exemplo, que me ocorre neste momento, é aquele do Grande Instrutor, falando aos discípulos: "Quando, por minha causa, estiverdes sendo acusados diante de reis e sacerdotes, não vos preocupeis com vossa defesa, pois, nesta hora, vos serão dadas, pelo Pai, as palavras que devereis dizer". Posteriormente, no livro "Atos dos Apóstolos", vimos aqueles homens semianalfabetos enfrentando com destemor e surpreendente eloquência os seus acusadores, confirmando as palavras do Cristo. A única diferença entre eles e nós, é que eles alcançaram a fé...

Para quem considera acúmulo de definições como prova de sabedoria e não ficou satisfeito com o exposto acima, pediria que definisse qual é o sabor de uma maçã. Todos temos 'conhecimento' do gosto desta fruta; porém, qualquer descrição que se faça, nunca corresponderá à Verdade (então, o mais sensato é não fazer nenhuma). Para conhecermos o sabor de uma maçã, precisamos prová-la. Todas as belas e elaboradas teorias e conceitos intelectuais do mundo, sobre quaisquer assuntos, não podem nos ajudar no caminho, porque são relativas e transitórias, e conhecê-las não torna ninguém sábio, pois não passam de opiniões; até mesmo quem as escreveu, amanhã pode considerá-las absurdas. Apenas a experiência pessoal e sua confirmação dentro de nós, pode nos mostrar onde está a Verdade Eterna e Absoluta; portanto, não desqualifique prematuramente quem está escrevendo, por não ser um dicionário ambulante.

 

Embora seja este ego/mente o responsável pela elaboração e digitação dos textos aqui encontrados, não são dele os ensinamentos: são de homens que venceram o ego. Uma das razões para a criação desta página, foi um comentário de alguém que conheço há quase 40 anos. Ele disse que, finalmente, consegui aprender algumas coisas boas e que deveria compartilhar este conhecimento com outras pessoas. Antes de pôr em prática a sugestão, tive que lutar contra a tendência egocêntrica de considerar que os conhecimentos que transmitiria são 'meus'. Se os considerasse 'meus', orgulho e sensação de superioridade contaminariam a boa intenção; neste caso, os escritos seriam tendenciosos e perigosos para os leitores. É um erro acreditarmos possuir conhecimento espiritual que os outros não têm (consciente ou inconscientemente) e escrevo isto como autoadvertência; não há uma Verdade sequer que seja propriedade de apenas uma pessoa. Por cautela, pois estou começando a conhecer as artimanhas do ego, costumo revisar os textos publicados, procurando por comentários cujas intenções não sejam aquelas que incentivaram a criação da página "Os Destruidores de Ilusões".

O parágrafo acima e vários dos 18 textos publicados até agora, podem suscitar uma pergunta: "Além da consciência habitual ('eu'), pode haver outra, dentro de nós, sendo elas antagônicas?". Na verdade, a guerra interior ('EU' x 'eu') acontece desde os primórdios da humanidade e os Sábios nos advertem que todos vão ter que encará-la, algum dia (esta guerra e o caminho para a vitória espiritual, foram descritos na milenar escritura sagrada "Bhagavad-Gîtâ").

O homem está em constante evolução espiritual (consciente ou inconscientemente) e, em seu devido tempo, inicia-se um processo involuntário de dissecação da própria personalidade. Então, ele começa a perceber que o vizinho barulhento, o cobrador de duplicatas, o concorrente profissional, o ladrão, etc., não são seus maiores inimigos: o maior (e único) inimigo é a mente/ego.  Como é possível tal percepção, já que é ela quem comanda as vidas das pessoas comuns (nós)? Será que a mente estaria disposta a provar que, ela mesma, é a culpada por todos os nossos sofrimentos? Isto seria tão absurdo quanto a hipótese de um ladrão chamar a polícia, para prender a si mesmo. A Verdade sobre os malefícios da mente, não pode ser alcançada pensando-se na questão; nada sincero virá daí. Dizem os Sábios (e este não sábio está, aos poucos, confirmando isto) que apenas transcendendo a mente, através da meditação ou da oração sincera, estaremos em condições de avaliar o 'adversário' (termo usado pelo Cristo).

No devido tempo deste digitador, algo que vou chamar de "Vontade intuitiva" despertou, provocando a necessidade de buscar soluções (interiores) para o drama da existência. Após a identificação do caminho espiritual adequado, a prática da meditação desenvolveu uma espécie de recordação não mental, que fortalece lenta, mas continuamente, aquela Vontade. A silenciosa guerra interior vai tornando-se cada vez mais equilibrada e a ex-invencível mente/ego começa a perder batalhas. Observação: as forças que chamei de "Recordação não mental" e "Vontade intuitiva" me parecem estar relacionadas com o processo descrito em alguns livros confiáveis como "purificação da mente".

 

Se, por acaso, encontrar aparentes contradições nos textos, reflita antes de rejeitá-los. Isto é normal, porque as verdades intuitivas são distorcidas, primeiro, quando transformam-se em pensamentos e, segundo, quando estes são expressos em palavras. Quem escreve está usando a mente, para tentar explicar aquilo que é mentalmente inexplicável e, quem lê, também está usando a mente, para compreender aquilo que está além da capacidade de compreensão mental. Os ensinamentos contidos nos Evangelhos do Novo Testamento, Bhagavad-Gîtâ e em outros, divinamente inspirados, parecem extremamente contraditórios, quando lidos pela primeira vez. Entretanto, após várias releituras atentas e meditativas, as peças do quebra-cabeça vão encaixando-se perfeitamente, isto é: a Verdade encontra o caminho direto (não mental), para chegar aos nossos Corações. Como esta página inspira-se em vários textos sagrados, é normal que as aparentes contradições que há neles, também estejam presentes aqui. Ainda hoje, após dezenas de leituras, continuo encontrando pérolas entre as linhas dos Evangelhos do Senhor Jesus, porque aquelas palavras têm Vida, não são letras mortas. Portanto sei, por experiência própria, que não devemos nos limitar a apenas uma leitura dos textos espirituais. A Vida (Verdade) permeia e acompanha as palavras dos ensinamentos divinos, para onde elas forem, manifestando-se sutilmente onde há sinceridade (não egoísmo). A sutileza é uma garantia de que, apenas quem tiver perseverança e fé, perceberá Sua presença e Seu poder de transformação. Logo, como os escritos aqui publicados não são obra deste ego (e de nenhum outro), acredito que a Vida esteja presente neles. Contudo, a orientação dos Sábios é sempre a mesma: não devemos rejeitar e nem aceitar imediatamente qualquer opinião, independentemente de onde venham; devemos, sim, meditar/refletir sobre o assunto (apenas se for espiritualmente relevante) e descobrir, por nós mesmos, a Verdade que há nele. Com esta atitude, começamos a nos libertar dos grilhões do mundo...

 

 

Senhor, faz de mim um instrumento de Tua Paz...

 

17/03/2007

 

http://quemsoueu00.blogspot.com/

 

 

P.S. em 13/11/2009

Caro leitor: se tiver tempo, interesse e paciência para ler os textos em sequência cronológica, perceberá que me abstive de abordar determinados assuntos, em algum momento do passado, e que, posteriormente, comecei a escrever sobre eles com razoável intimidade. Não se esqueça que você acompanha o desenvolvimento de alguém que está na Busca Espiritual e que todos os sinceros esforços neste caminho são recompensados, cedo ou tarde...