EGO PÓS-MORTE?

 

Há tantos filmes cinematográficos e crendices sobre mortos relacionando-se com vivos, que recentemente me encontrei meditando no assunto. O melhor, como ensina Ramana Maharshi, é não desperdiçarmos tempo e energia, analisando fenômenos exotéricos/sobrenaturais, pois eles nos desviam da legítima busca espiritual; mas, desta vez não consegui seguir o conselho do grande Sábio de Arunáchala...

As perguntas que me ocorreram são estas:

1. O ego (individualidade/personalidade/intelecto) sobrevive à morte física?

2. Mortos têm consciência do que acontece neste mundo material?

3. Mortos se lembram de suas vidas, retêm os conhecimentos nelas adquiridos (QI)?

 

Valendo-me de minha experiência no caminho da autoinvestigação (atenção interior), cheguei às seguintes conclusões:

1. Sono (isto é: dormir sem sonhar) é morte curta.

2. Morte (física) é sono longo.

3. Na morte curta (sono), o ego que digita este texto não tem consciência de si mesmo, não tem consciência deste mundo (ou de qualquer outro) e também não tem consciência de outros egos (família, etc.). Quando estou dormindo, nada sei sobre tais coisas e me lembro delas somente ao acordar. Há um corpo estendido na cama, que nada significa para "mim", enquanto durmo. Assim sendo, esta consciência-ego desaparece no sono e retorna quando este termina. Atenção, pois sono não é inconsciência, como pode parecer, já que, após seu fim, existe a consciência (lembrança) de que estive dormindo e de que me mantive inconsciente de todas as percepções internas e externas (ego/mundo), as mesmas que, agora, recebo através dos sentidos e do intelecto.

 

Se, na morte curta (sono), sei que a consciência habitual não existe, o que posso inferir da morte física, que é muito mais radical/dramática? Percebi, então, que trata-se de superstição/ilusão a crença de que os mortos têm consciência deste mundo, que se recordam dos relacionamentos/conhecimentos deixados para trás, que se alegram quando são homenageados/lembrados, ou que podem ajudar/prejudicar quem quiserem. Morte e vida que conhecemos se referem à consciência-ego, a qual não poderia existir na morte, já que sequer existe no sono. Esta certeza, de que tudo desaparece no sono, todos têm; afinal, alguém já foi flagrado lamentando-se assim: "Mesmo dormindo, não consigo esquecer meus problemas..."? Claro que não: nada deste mundo, inclusive nós mesmos (egos) e nossas mazelas, sobrevive na morte curta, muito menos na outra. Portanto, é consequência da fraqueza humana (ignorância espiritual) todas as lendas sobre mundos astrais, contatos/interações com mortos, anjos, demônios, etc. O Senhor Jesus usava tais alegorias para direcionar o povo, através de palavras simples, para Aquilo acima das palavras, compreensível apenas pelo coração.

Concordo que não é agradável sentirmos nossas verdades serem fustigadas; mas, quem anseia pela Verdade (PAZ) deve estar pronto para abandonar todas as suas queridas ilusões...

   

 

30/04/2019

 

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