Não poderia faltar, nesta página, um espaço para a belíssima "Oração de São Francisco de Assis". Apesar de não ter sido escrita por ele (Francisco), o desconhecido autor desta oração estava em momento de sublime inspiração quando escreveu-a e, com certeza, sintonizado com aquele santo homem, que abandonou tudo e entregou sua vida a Deus. Se uma fração da infinita santidade de Francisco de Assis impregnar-se em nossos corações, esta oração terá cumprido a sua sagrada missão.

 A última frase da oração pode tornar-se um grande obstáculo para nós, se for intelectualmente analisada. A referida morte significa abandonarmos todas as nossas verdades, desejos e prazeres egocêntricos, isto é: "morrer" para o mundo ("Morro todos os dias por Jesus Cristo" - Paulo de Tarso). E foi exatamente esta 'morte' que o Santo de Assis alcançou, como comprovado por seus atos. A simples morte física não habilita ninguém, para entrar na Vida Eterna (Reino de Deus).

 

Após a Oração, resumo da vida de alguém que foi ensinado e ordenado unicamente pelo Mestre dos Mestres. Apenas quem recebeu o seu mandato de guia espiritual, não dos homens, mas diretamente do Altíssimo, poderia ser tão singelo, humilde e cativante. Já li muitas e muitas vezes o seu comovente sermão para as aves e, ao final da leitura, sempre há um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos... Doce momento de paz, em meio à correria do cotidiano. Experimente e comprove: quando estiver desanimado(a) e/ou com a sensação de sofrer mais do que merece, dedique alguns minutos de sua atenção à vida deste verdadeiro homem de Deus. Se confiar/acreditar, sem procurar entender como acontece, você perceberá, aliviado(a), os seus problemas em suas pequeninas e reais dimensões. E, assim, São Francisco continua fazendo milagres...

Não menciono a fonte de onde copiei a biografia do Santo, pois não lembro qual foi; mas certamente transmitiu seriedade, na ocasião em que a encontrei na web.

 

Oh, Senhor! Faz desta alma um instrumento da Tua Divina Obra. Que eu, sem desejar o perdão, e unicamente por Amor a Ti, mais busque perdoar, do que ser perdoado.

 

 

02/08/2007

 

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    ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Senhor, faz de mim um instrumento de Tua Paz


Onde houver ódio, que eu leve o Amor
Onde houver ofensa, que eu leve o Perdão
Onde houver discórdia, que eu leve a União
Onde houver dúvida, que eu leve a Fé
Onde houver erro, que eu leve a Verdade
Onde houver desespero, que eu leve a Esperança
Onde houver tristeza, que eu leve a Alegria
Onde houver trevas, que eu leve a Luz


Ó, Mestre! Faz com que eu procure mais:

Consolar, do que ser consolado;
Compreender, do que ser compreendido;
Amar, do que ser amado.
Pois é dando, que se recebe;
É perdoando, que se é perdoado;
E é morrendo, que se nasce para a Vida Eterna.

 

 


 

 

UMA VIDA EXEMPLAR 

 

 

Francisco nasceu em 1181 ou 1182, na cidade de Assis, no centro da Itália. Seu pai era um próspero comerciante de tecidos, que viajava frequentemente, em negócios, principalmente para a França, de onde trazia a maior parte de suas mercadorias.

Chegado o momento do parto, sua mãe, assistida por várias pessoas que ajudavam, teve muitas dificuldades e o nascimento da criança parecia se complicar. Eis que batem à porta, e a criada, ao atender, depara-se com um desconhecido, que lhe avisa que a senhora da casa deve dar à luz no estábulo, junto aos animais. Ao saber do sucedido, ela pediu ajuda às criadas para a levarem até ao estábulo e, lá chegando, a criança nasceu.

 

Francisco era o líder da juventude, em sua cidade. Alegre, amante da música e das festas, com muito dinheiro para gastar, tornou-se rapidamente um ídolo entre seus companheiros. Adorava banquetes, noitadas de diversão e cantar serenatas para as damas de Assis.

Como todo jovem ambicioso de sua época, Francisco desejava conquistar, além de fortuna, também fama e título de nobreza. Para tal, fazia-se necessário tornar-se herói em uma das frequentes batalhas que ocorriam em toda a Europa, pela posse da terra. No ano de 1201, incentivado por seu pai, que também ansiava por fama e nobreza, Francisco partiu para mais uma guerra que senhores feudais haviam declarado contra a cidade de Assis.

Durante os combates, em uma tarde de inverno, Francisco foi capturado e levado para a prisão, onde permaneceu longos meses. Ao término de um ano foi libertado, retornando à Assis e ao mesmo estilo de vida. Contudo, o clima insalubre da prisão, agravado pelos prolongados meses de inverno, haviam-lhe enfraquecido o organismo, provocando agora uma grave enfermidade. Após longos meses de sofrimento, sem poder sair da cama, finalmente conseguiu melhorar. Ao levantar-se, porém, não era mais o mesmo Francisco. Sentiu-se diferente, sem poder compreender a razão. A verdade é que a humilhação e o sofrimento da prisão, somados ao enfraquecimento causado pela doença, causaram profundas mudanças no jovem Francisco. Este foi o caminho que Deus escolheu para entrar em sua vida. Já não sentia mais prazer nas cantigas e banquetes, em companhia dos amigos, e começou a perceber a leviandade dos prazeres terrenos.

Contudo, Francisco ainda conservava a ambição pela fama e sonhava com a glória das armas e a nobreza, que se conquistavam nos campos de batalha. Por este motivo, aderiu prontamente a um exército que estava sendo organizado para ajudar o Papa, na defesa dos interesses da Igreja. Recebeu a aprovação entusiasmada do pai, que vislumbrava aí a oportunidade, tão longamente esperada, para enobrecer a sua família. Deus, porém, lhe reservava algumas surpresas...

Antes de partir, num impulso de generosidade, Francisco cedeu a um amigo mais pobre, os ricos trajes e a armadura caríssima que havia comprado para si. Isso lhe valeu um sonho estranho: viu um castelo repleto de armas destinadas a ele e a seus companheiros, mas não conseguiu entender o significado do sonho. Pensou que estava, talvez, destinado a ser um famoso guerreiro.

Poucos dias depois, Deus tornou a lhe falar em sonho, desta vez com maior clareza, de modo que ele reconheceu a voz divina que lhe perguntava: "A quem queres servir: ao servo ou ao Senhor?". Francisco respondeu prontamente: "Ao Senhor, é claro!". A voz: "Por que insistes, então, em servir ao servo? Se queres servir ao Senhor, retorna à Assis. Lá te será dito o que deves fazer". Francisco entendeu, então, que estava buscando apenas a glória humana e passageira; estava fazendo a vontade de pessoas ambiciosas e mesquinhas, e não a vontade do Altíssimo.

Desafiando os sorrisos de desdém dos vizinhos e a cólera do pai, contrariado em seus projetos, Francisco retornou à Assis, dando prova da energia de seu caráter e do valor de seu ânimo, virtudes que se mostrariam valiosas mais tarde, nos percalços de seu novo caminho. Começou a busca e a longa espera: "O que Deus quer de mim? O que Ele quer que eu faça?". Era este o seu constante questionamento.

Para tentar desvendar os desígnios divinos, passou a se dedicar à oração e à meditação. Percorria campos e florestas em busca de lugares tranquilos, procurando respostas para suas dúvidas e inquietações. Para ele, tudo passou a ter outro sentido; passou a enxergar as coisas com outros olhos e outro coração.

 

No ano de 1205, ainda sem saber qual seria a sua missão, decidiu viajar à Roma. Visitou a tumba do Apóstolo São Pedro e, indignado pelo que viu, exclamou: "É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos". E jogou um grande punhado de moedas de ouro, contrastando com as escassas esmolas de outros fiéis menos generosos. A seguir, trocou seus ricos trajes com os de um mendigo e fez a sua primeira experiência de viver na pobreza. Voltou para a casa paterna, entregando-se ainda mais à oração e ao silêncio.

A família e os amigos estavam preocupados com o jovem Francisco: o que lhe estaria acontecendo? Será que estava em pleno juízo? Seu pai não se conformava. Não era isso que ele tinha sonhado para seu filho. Indignado, forçava-o a trabalhar cada vez mais, em seu estabelecimento comercial.

 

Em 1206, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, cujo aspecto era repugnante à vista e ao olfato; mas, movido por uma força superior, apeou do cavalo, e, colocando naquelas mãos sangrentas, o seu dinheiro, aplicou no leproso um beijo de amizade. Falando depois a respeito desse momento, ele disse: "O que antes me era amargo, mudou-se então em doçura da alma e do corpo. A partir daquele momento, pude afastar-me do mundo e entregar-me a Deus".

Pouco depois, entrou para rezar e meditar na pequena capela de São Damião, quase destruída pelo abandono. Estava ajoelhado em oração aos pés de um crucifixo bizantino, que a piedade popular ali venerava, quando, novamente, a voz divina manifestou-se: "Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas". Não percebendo o alcance deste chamado e vendo que aquela igrejinha estava precisando de urgente reforma, Francisco regressou à Assis, retirou da loja paterna um grande fardo de fina fazenda e vendeu-a. Retornando, colocou o dinheiro nas mãos do sacerdote de São Damião, oferecendo-se para ajudá-lo na reconstrução da capela, com suas próprias mãos. Por esta atitude, ele teve que enfrentar a cólera do pai, ao ver desfalcada a sua loja, principalmente porque não era a primeira vez que o filho dava para os outros, o dinheiro do trabalho paterno.

Certo dia, Francisco saiu resolutamente a mendigar o sustento, de porta em porta, pela cidade de Assis. Para o pai aquilo já era demais! Como podia ele envergonhar de tal forma, a sua família? Se o seu filho havia perdido o juízo, era necessário encarcerá-lo. Assim, Francisco experimentou mais uma vez o cativeiro, desta feita num escuro cubículo debaixo da escada da própria casa paterna. Depois de alguns dias, movida pela compaixão, sua mãe abriu-lhe às escondidas a porta e o deixou partir livremente, para seguir o seu destino.

Ao final de 1206, o pai, convencido de que nem a razão e nem a força podiam desanimar o filho, decidiu recorrer ao Bispo, instaurando-se um julgamento como nunca aconteceu na história de outro santo. O palco do julgamento foi a própria Praça de Assis, junto à Igreja de Santa Maria e à casa do Bispo, bem à vista de todos. Ele exigiu que seu filho lhe devolvesse tudo quanto recebera dele. Francisco, sem vacilar um momento, se despojou de tudo, até ficar nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés dele, e exclamou: "Doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste". O Bispo, então, o acolheu, envolvendo-o com seu manto. Daquele momento em diante, cantando "Sou o arauto do Grande Rei, Jesus Cristo", afastou-se de sua família e de seus amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos, tratando de suas feridas, e à reconstrução das capelas e oratórios que cercavam a cidade. Dia a dia, percorria as ruas mendigando o seu pão e convidando as pessoas para que contribuíssem com pedras e trabalho, na restauração das "Casas de Deus" que estavam em ruínas. De alguns, recebia apoio e incentivo. De muitos, desprezo e zombaria. No entender da maioria, ele havia perdido completamente o juízo.

Estava já terminando a restauração da última igreja da redondeza, a capelinha de Santa Maria dos Anjos, e perguntava-se o que faria depois. O que mais lhe pediria Deus? Não havia entendido ainda que a Igreja que devia restaurar não era a de pedra, mas o próprio Cristianismo, enfraquecido pelas divisões, heresias e pelo apego de seus líderes às riquezas e ao poder. Aquele devia ser o ano de 1209.

Certo dia, Francisco escutou, durante a missa, a leitura do Evangelho: tratava-se da passagem em que Cristo instruía seus Apóstolos sobre o modo de ir pelo mundo, "sem túnica, sem bastão, sem sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso ..." (Lucas, 9.3). Tais palavras encontraram eco em seu coração e foram para ele como intensa luz. Exclamou, cheio de alegria: "É isso precisamente o que eu quero! É isso que anseio de todo o coração!" E sem demora começou a viver, como o faria pelo resto de sua vida, a pura Verdade do Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde, também para seus companheiros: "Nossa regra de vida é viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo". A partir daquele dia, Francisco iniciou sua vida de pregador itinerante, percorrendo as localidades vizinhas e pregando, em palavras simples, o Evangelho de Cristo. Muitos começaram, enfim, a compreender o sentido daquela vida e manifestaram o desejo de segui-la.

 

No ano de 1210, Francisco e seus seguidores viajaram até Roma, em busca da aprovação do Papa, para o seu modo de vida. Entretanto, como aquele bando de mendigos, maltrapilhos e desconhecidos, poderia ser admitido à presença do severo pontífice? Francisco rezava e confiava; afinal, não era o próprio Cristo que o estava conduzindo? Por providência divina, encontrava-se em Roma, nessa ocasião, o Bispo de Assis, grande admirador de Francisco. Graças a ele, o Papa recebeu-o e reconheceu a sinceridade das intenções que inspiravam-no a viver radicalmente o Evangelho, trazendo vida nova para o Cristianismo. Por isto, apesar de Francisco não ter sido formalmente ordenado como padre, o Papa deu-lhe a aprovação oficial da Igreja e autorizou-o a pregar o Evangelho, nas igrejas e fora delas. Este fato histórico ocorreu em 16 de Abril de 1210, marcando o nascimento oficial da Ordem Franciscana.

 

Certo dia, Francisco saiu para uma missão. No caminho, em um local silvestre, havia um pequeno descampado e, ao redor, árvores de todas as espécies. Em cima das árvores, voando em revoadas e espalhadas pelo chão, muitas aves cantavam e se confraternizavam com grande alarido. Então, o Santo falou a seus discípulos: "Esperem um momento, pois vou pregar às nossas irmãzinhas aves!". Entrou no campo, indo de encontro a elas, que estavam no chão, e, mal começou a falar, todas ficaram quietas. E pregava: "Minhas irmãzinhas aves, vocês muito são agraciadas por Deus, o Criador; por isso, em todo lugar que estiverem, devem louvá-Lo, porque Ele lhes permitiu que voassem para onde quisessem, livremente, da mesma forma que devem agradecer o alimento que Ele lhes dá, sem que para isso tenham que trabalhar. Agradeçam ainda a bela voz, com a qual o Senhor as presenteou, que lhes permitem cantar lindas melodias. Vejam, minhas queridas irmãzinhas, vocês não semeiam e não ceifam: é Deus quem lhes apascenta, quem lhes dá os rios e as fontes, para saciar a sede; quem lhes dá os montes e os vales, para o seu refúgio e lazer; assim como lhes dá as árvores altas, para fazerem os seus ninhos. Embora não saibam fiar e nem coser, Deus concede admiráveis vestimentas, para vocês e seus filhos, porque Ele as ama muito e quer o seu bem-estar. Por isso, minhas irmãzinhas, não sejam ingratas: procurem sempre louvar a Deus". Finalmente, São Francisco fez o sinal da Cruz e deu-lhes licença para se retirarem. Então, todas aquelas aves se levantaram no ar, com um maravilhoso canto, e logo se dividiram em revoadas, desaparecendo por trás das colinas e das matas.

Conta-se que, dias depois do "Sermão para as aves", o Santo e seus seguidores pararam na praça de um lugarejo e, como sempre, cantaram uma melodia com versos que convidavam à conversão do coração, com a finalidade de reunir o povo. Depois, começou a pregar. Entardecia. As andorinhas, que ainda hoje fazem ninhos nos altos muros e nas torres das construções daquele local, voavam de um lado para outro, em ciclo contínuo, cantando forte e de modo quase uníssono. Os habitantes do lugarejo, que se comprimiam ao redor para ouvir a palavra dele, não estavam conseguindo entender quase nada, porque o barulho das andorinhas era muito intenso. Então, Francisco com a maior tranquilidade, olhou para elas e com muita doçura disse: "Irmãs andorinhas, parece-me que agora é minha vez de falar. Vocês já cantaram bastante. Escutem, pois, a palavra de Deus e fiquem silenciosas, enquanto eu falo". Elas pararam e fizeram um grande silêncio, por todo o tempo que ele pregou.

 

Quando Francisco percebeu que estava próximo da morte, mandou que o levassem para a sua pequena cela. No dia 3 de Outubro de 1226, o Santo vivia os seus últimos momentos. Ao entardecer, começou a cantar o nome do Senhor, rodeado pelos frades, que choravam e não queriam deixá-lo sozinho. Com o passar do tempo, o som de sua voz foi perdendo a intensidade, até que emudeceu inteiramente. Seus lábios fecharam-se para sempre e foi cantando, que entrou na Eternidade. O Senhor, Infinita Bondade, ainda concedeu uma última homenagem ao seu humilde cantor: por cima da cabana e ao redor, apenas a voz do Santo calou-se, o espaço foi ocupado por um sonoro e imprevisto coro de todas as aves, que, em profusão e admirável alarido, vieram dar-lhe o último adeus.