A MENTE MENTE

 

Venho caminhando pela rua onde moro, me dirigindo para casa. A rua é deserta e pouco iluminada. Ouço passos atrás de mim e automaticamente me volto na direção do som, para identificar sua fonte. Na penumbra, vejo alguém a uns 20 metros, andando de um jeito que me pareceu suspeito. Imediatamente, o medo me dominou e acelerei as passadas. Freneticamente, procurei a chave correta; mas, são tantas no chaveiro que demorei para conseguir abrir o portão. A esta altura, o homem se aproximara, entrando no alcance da luz de uma lâmpada que há na fachada da casa. Ele vinha com o olhar voltado para o chão e, quando reparou em mim, sorriu, desejou "boa noite" e seguiu em frente. Abri o portão e entrei, me sentindo um tolo por ter me desesperado daquela maneira...

Na mesma noite, sonhei que estava doente e a família chorava, pois o caso parecia gravíssimo. Novamente, fui dominado pelo medo, desta vez, o da morte iminente, até acordar com coração disparado e respiração ofegante. Após constatar que fui vítima de um pesadelo e que o corpo estava bem, outra vez me senti um tolo, porque, mais uma vez, me deixei enganar pela mente...

 

Quando era jovem, algumas vezes li (ou ouvi) a expressão "mundo de ilusões"; porém, só entendi o seu significado uns 40 anos depois: o mundo não é o que realmente é, mas sim o que cada um imagina ser. A mente me fez imaginar que o homem na rua era um malfeitor; então, ele era um malfeitor e tal ilusão acabou provocando todo aquele pânico em mim. Em seguida, a mesma mente me fez pensar que eu estava doente e morrendo: mais uma cruel ilusão/mentira, com todo o seu séquito de sofrimentos descabidos.

O fato de, neste momento, algo nos parecer real, não é garantia de realidade. Nos dois casos citados acima, o malfeitor e a doença eram reais, para mim. Não vale alegar que houve um engano e um sonho, pois não é esta a questão. O que se pretende, aqui, é alertar a todos que desconfiemos das verdades que a mente e os sentidos físicos nos impingem, por mais verdadeiras/reais que pareçam ser. Neste mundo que nos rodeia, a solidez que o sentido do tato obtém de uma pedra, por exemplo, não é garantia de realidade da pedra, já que, durante um sonho, uma pedra-sonho também é sólida na mão-sonho do sonhador. A irrealidade da pedra-sonho é percebida, apenas, após o sonhador acordar: ele foi iludido por sua própria criação mental.

Ouço pessoas dizendo que têm certeza disto e daquilo; permaneço quieto, porém, para evitar discussões inúteis, já que amamos nossas ilusões/opiniões, por mais prejudiciais que elas nos sejam, e não estamos dispostos a abandoná-las. Mesmo neste instante, nossas verdades/opiniões/percepções são criações mentais, um "mundo de ilusões".

Ouço pessoas dizendo que estão doentes, ou que estão com sério problema; contudo, não me manifesto na hora, pelo mesmo motivo exposto acima. Neste web-sítio, porém, afirmo: quem insiste em pensamentos/imaginação de estar doente, está doente, mesmo se a causa da suposta doença tiver sido o hábito mental da hipocondria. Também afirmo que, quem diz estar com sério problema, tem um sério problema, porque está ouvindo isto de si mesmo, e cada um acredita totalmente em si mesmo. Se não esquecêssemos nossas experiências anteriores, lembraríamos de muitos casos onde problemas terríveis/insolúveis, de um dia, no dia seguinte, após o pânico baixar, já eram administráveis. Se alguém diz: "Não dá, isto está acima de minhas forças!", ninguém, nem mesmo aquilo que a pessoa considera "Deus", é capaz de ajudá-la. Assim funciona a chamada "lei da mente" ou, como muitos preferem, o "livre-arbítrio": temos livre-arbítrio para sermos fortes, saudáveis e felizes; mas, preferimos ser servos do princípio pensante (mente), que nos convenceu de que somos fracos, doentes e infelizes... De quem é a culpa, por tanto sofrimento em nossas vidas? Da sorte, que quer distância de nós? Dos demônios, que não nos deixam em paz? Do impiedoso destino? Do tempo, que não dá um tempo, não para de nos envelhecer? Das crises econômicas? Das epidemias e pestes virulentas? Bem diz o Senhor Buda: "Sofreis, porque quereis"...

Repito o que escrevi em texto anterior: a mente é como uma esponja, a qual absorve água limpa, se mergulhada em água limpa, e absorve água suja, se mergulhada em água suja. A esponja não discerne sobre o que é bom ou ruim para ela e, tão somente, age de acordo com sua natureza; da mesma forma, o princípio pensante não discerne sobre Bem e mal, sobre certo e errado, sobre o que nos ajuda ou nos prejudica. Se a mente soubesse o que é VERDADE, mundo/vida seriam paradisíacos.

Purificar a mente, reeducá-la e fortalecê-la da forma correta, para pararmos de pensar em besteiras: tal é a intenção de todas as Escrituras Sagradas e dos Grandes Mensageiros do Altíssimo. A boa nova, desde sempre, é esta: O "Reino de Deus", o "Nirvana", é aqui e agora, para todos que vencerem suas próprias mentes/egos, consequentemente despertando/renascendo para a autêntica VIDA ("Quem perder a vida [ego], por amor a mim, ganhará a VIDA [Deus]"  -  garantia do Senhor Jesus).

 

 

15/10/2019

 

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