A META DA VIDA  (2)

 

 

Continuações de assuntos já abordados nesta página, têm sido publicadas (partes 2), para que os ensinamentos dos Sábios sejam apresentados sob uma nova perspectiva, talvez mais adequada aos buscadores que não se identificaram com a abordagem anterior (parte 1). As aparentes contradições que, porventura, sejam detectadas, não invalidam uma das partes, pois tais contradições devem-se apenas à opinião pessoal (ou melhor: fardo intelectual) de quem está lendo. Os que estão há mais tempo na estrada, por certo serão tolerantes/receptivos e darão importância relativa à sua própria opinião.

No caso presente, aqui está a parte 2 do texto "A Meta da Vida" e vou começá-la lembrando as palavras do Senhor Jesus:

"Buscai, antes de tudo, o Reino de Deus"

"O Reino de Deus está dentro de vós"

Relacionando os dois aforismos acima, apreendo que, antes de tudo, devemos nos voltar para dentro de nós e que, portanto, a meta da Vida (seja ela qual for) é alcançada através da interiorização constante de nossa atenção (autoinvestigação, que conduz ao autoconhecimento - "EU"). Apenas isto. Não é preciso saber mais nada de nada; desnecessários são leituras, debates, polêmicas, teses e conhecimentos, sejam lá quais forem. Isto tudo é pura perda de tempo e energia. Buscar força e inspiração nas Escrituras Sagradas e nos Evangelhos dos Grandes Mensageiros é importante, até o momento em que adquirimos esta certeza; após esta aquisição, a Sabedoria escrita continua sendo respeitada, pois é inspirada pelo Altíssimo, mas deixa de ser indispensável na busca. Precisamos, apenas, ter humildade para destronar as nossas verdades; aceitar, com fé inabalável, a Verdade de que o Grande Instrutor e os demais Salvadores do Mundo (que ensinam o mesmo, com outras palavras) estão certos, embora achemos que 'não é bem assim'; e desapego/coragem para abandonar tudo o mais, que parece ser necessário em nossa caminhada espiritual, mas que, na realidade, são obstáculos e distrações. Por exemplo: ajudar o mundo é bom; mas, ajudar a si mesmo a alcançar a meta da Vida, é muito melhor para o mundo. Repetindo o de sempre: quem considera egoísmo esta atitude, está sendo enganado(a) pelo grande inimigo do Amor e da Compaixão.

Venho meditando sobre e tentando aplicar, no cotidiano, a conclusão do parágrafo anterior e a sensação intuitiva é de que, realmente, este é o Caminho (pelo menos para 'mim'). E esta certeza já me alivia de um fardo enorme, pois sei que não devo mais me esforçar por ninharias (materiais ou intelectuais) e por migalhas de Felicidade (prazeres); sei, também, que 'minha' participação mundana deve diminuir, para que a Verdade possa crescer dentro de mim.

Acredito que a forma mais simples e compreensível para começar a exercitar a sincera atenção interior (que talvez possa ser rotulada como 'meditação'), é a observação do processo respiratório. Se feito com determinação e constância, apenas este exercício já é capaz de abrir um novo horizonte diante do buscador. Mesmo em meio à correria da vida, várias oportunidades se apresentam, para praticarmos a auto-observação. Exemplos: 1) ao contrário de aceitar a comodidade/escravidão dos elevadores, transito pelas escadas, observando cuidadosamente os movimentos do corpo e as reações físicas/emocionais, que este exercício provoca; 2) como moro relativamente perto do trabalho, prefiro ir/voltar a pé, caminhando interiormente atento, e tentando não me distrair com o mundo à minha volta, exceto, claro, na hora de atravessar as ruas... Resumindo: sejamos expectadores, assíduos e passivos, do espetáculo de 'nosso' mundo interior (metabolismo, pensamentos, sensações, emoções, etc.).

 

Prestar atenção em si mesmo: este é o segredo para a vitória espiritual, não importa quanto ela tardará. Devemos, apenas, cuidar para que não seja egoísta, esta interiorização; quando corretamente praticada, ela, ao contrário, nos distancia de nós mesmos (isto é, de nossa consciência habitual: o "eu"). Não precisamos aprender/conhecer mais nada, pois o caminhar não pode ser acelerado ou encurtado: tudo o que for necessário, a Intuição irá nos ensinando, aos poucos. Portanto, deixemos de lado frustrações e ansiedades, provocadas por desejo/orgulho de obter novos conhecimentos (mesmo os espirituais) e nos concentremos, discreta e silenciosamente, na autoinvestigação sincera.

 

OBS.: Tenho consciência de que o nível de auto-observação, descrito neste texto, pode ser útil unicamente para principiantes, categoria na qual me incluo. Percebo, também, que a não identificação com os corpos físico e mental ("eu", "mim"), é ainda intermitente e superficial, como provam várias expressões acima digitadas: "eu transito pelas escadas", "eu prefiro ir/voltar à pé", "categoria na qual me incluo", etc. Quem sabe, daqui a algum tempo, aparece por aqui uma 'parte 3' deste assunto, descrevendo experiências interiores mais profundas do digitador?

 

 

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O Silêncio

 

 

Senhor, que eu diminua, para que Tu cresças, em mim.

 

11/04/2009

 

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