PARÁBOLA DO COMPUTADOR

Até mesmo os mais poderosos computadores (como o da NASA, por exemplo) são inúteis, se não forem dotados de "alma". Computador sem alma, isto é: sem sistema operacional (S.O.), é morto e nada vale.

Quando destituídos de alma (neste caso, para simplificar: alma = Espírito), estes templos de carne e ossos, que chamamos de "meu corpo", são mortos e insensíveis como um computador sem S.O. ou, citando outro exemplo, como uma pedra.

Um computador tem todos os circuitos internos ("órgãos dos sentidos") necessários para a interação com o mundo exterior; sem S.O., entretanto, nenhum sentido funciona: não são detectados teclado, mouse ou qualquer outro dispositivo. Da mesma forma, o corpo de um morto pode estar íntegro/intacto, os órgãos dos sentidos podem estar perfeitos; no entanto, seus olhos abertos não veem, seus ouvidos não ouvem, nada ele sente. Abandonou o corpo, aquilo que mantinha os sistemas vitais em atividade (respiração, circulação, sentidos, etc.). Abandonou o corpo, aquilo que respondia quando chamavam: "Ei, Fulano!". Sem "aquilo", não importa o nome com o qual seja rotulado, o corpo assume sua verdadeira natureza: morte.

Inexplicavelmente, veneramos tal entidade (corpo), que não tem vida em si mesmo: o perfumamos, o decoramos com maquiagens/tatuagens, o enfeitamos com ouro/prata, o vestimos com roupas elegantes, comemoramos aniversários dele, etc. Investimos tanto em saúde e beleza do corpo, que não há tempo para percebermos o erro e nos esforçarmos pelo que realmente importa: investir no Espírito. O vínculo é tão poderoso, que acreditamos ser corpos; e tal vínculo/ilusão vai aumentando, tornando-se mais e mais forte, enquanto mantivermos este estilo de vida.

Todo o imenso trabalho pró-corpo é em vão, pois ele continuará envelhecendo e morrendo lentamente, a cada segundo. E mais: nenhum corpo, apesar de todos os cuidados, durará mais (ou menos) do que está destinado a durar ("Quem, por mais que se preocupe, pode prolongar sua vida?" - Mateus, 6.27). Podemos aparentar juventude corporal e enganar os outros, com tinturas para cabelo e cirurgias plásticas; o tempo, porém, não se deixa enganar. Cedo ou tarde, chegaremos à mesma conclusão: o tempo perdido com o corpo é tempo perdido, não dá para recuperar.

Melhor seria ignorarmos as absurdas teorias sobre "qualidade de vida" e prestarmos atenção nas palavras dos autênticos homens (e mulheres) de DEUS, os quais, desde o início do mundo, nos ensinam que a carne (corpo) nada vale: o Espírito, sim, é VIDA (João, 6.63).

Antes da iluminação, o Senhor Gautama Buda, seguindo o exemplo dos renunciantes radicais, torturou o corpo com o intuito de alcançar o "Nirvana" ("Reino de Deus"). Algum tempo depois, porém, percebeu que aquele não era o caminho para a Paz, para o fim do sofrimento, e abandonou-o. No entanto, não retornou ao reino de seu pai, não reassumiu sua condição de herdeiro real, não voltou à vida de prazeres sem sentido que gozara na juventude; ao contrário, persistiu na busca e, por conta própria, encontrou o correto caminho do meio para a relação com o corpo. Seus divinos prêmios: o Trono do Amor e o Reino da Paz. Viveu o resto da vida como pregador itinerante, nada possuindo além da modesta roupa que vestia, difundindo a Verdade (DEUS) com coração puro e leve, livre de pecados, apegos, preocupações e temores.

As vidas dos autênticos Salvadores da humanidade sugerem que devemos, tão somente, suprir as necessidades vitais do corpo e manter sua higiene básica. Sem interesse pelas coisas transitórias da vida, automaticamente haverá interesse pela VIDA ("Quem perder a vida, por Amor a mim, ganhará a VIDA" - Mateus, 16.25).

Encerro com esta garantia do Sábio de Arunáchala, Ramana Maharshi: "Se todo o esforço investido no ego (corpo) fosse direcionado para o Espírito, o homem alcançaria rapidamente a Paz (DEUS)".

Senhor: lembra-me, todo santo dia, que não sou uma entidade corpo/mente (ego), mas sim que estou temporariamente neste corpo, e que, na verdade, sou Espírito, para que, quando o corpo estiver em seus últimos suspiros, a alma esteja em Paz. Amém.

16/09/2022

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