PEQUENO BUDA

 

 

Há um vídeo, circulando na web, que apresenta diálogo entre mãe e filho, uma criança com uns 6 anos de idade: a mãe insistindo para que o menino comece a comer a refeição, mas ele resistindo, já que em seu prato há pedaços de animal morto, e querendo entender o motivo daquilo. Diante de incontestável argumentação e surpreendente firmeza/convicção, finalmente ela desiste: "Então tá, filho; come só o arroz e a batata".

A mensagem do Pequeno Buda pode ser resumida nestas singelas palavras: "Quando a gente come os animais, eles morrem! Não gosto que eles morram. Gosto que eles fiquem de pé. Os animais são para cuidarmos deles; não, para comer".

Há uns 14 anos, o sermão de um Grande Buda (Siddartha Gautama), registrado no livro "O Evangelho de Buda", instantaneamente me despertou para a irmandade superior (espiritual), que existe entre todos os seres vivos/sencientes. No entanto, se tal milagre não tivesse acontecido naquela ocasião, com certeza teria ocorrido recentemente, enquanto assistia ao vídeo do Pequeno Buda.

Ao longo da história da humanidade, almas iluminadas vêm erguendo-se acima das multidões, para nos alertar sobre a compaixão/misericórdia que deveríamos nutrir pelos irmãos não humanos. Não importam nossas opiniões sobre os animais "irracionais", pois são apenas opiniões e, não, Verdade: devemos respeitar todas as formas de vida como gostaríamos de ser respeitados, independentemente de nossas simpatias/antipatias, já que sentimentos e opiniões estão em constante mutação, não passam de modismos. O rato, por exemplo, é tido como repulsivo e digno de ser morto, impiedosamente; porém, daqui a cem anos talvez seja considerado iguaria sofisticada, servida em banquetes reais, ou, quiçá, adorado como animal sagrado de alguma seita religiosa. Mesmo hoje, o sentimento de repulsa pelos ratos não é unânime, pois os gatos adoram comê-los. Para a mamãe ratazana, seus filhotes são tão adoráveis e preciosos quanto os filhos humanos são, para suas mães. A conclusão imparcial/sincera é esta: se este roedor fosse verdadeiramente repugnante, não haveria opiniões contraditórias sobre ele, em qualquer sociedade, época ou lugar... Admito que sinto repulsa instintiva por ratos; todavia, dentro do coração já sei que tal sentimento é errado/falso e que, portanto, não tenho o direito de matá-los. Tento manter, na mente, uma das belas frases registradas no mencionado livro: "A vida [geral] é uma dádiva preciosa e todo homem piedoso a respeita".

As formas de vida "inferiores" anseiam sobreviver; a barata procura desesperadamente escapar, quando tentam pisá-la, etc. Se tais criaturas fossem insignificantes, para o Criador, não seriam dotadas do instinto de sobrevivência. Se Ele achasse que a barata é uma praga, faria com que ela se mantivesse imóvel para ser rapidamente pisoteada/morta e pudéssemos logo festejar: "menos uma!". Não é tão fácil, porém: os animais, sem exceção, lutam por suas vidas tanto quanto os humanos, porque são filhos amados como estes, pela Mãe/Pai Celeste. E nós? Somos os irmãos mais fortes, que matam seus irmãos mais fracos por uma destas razões: ou pelo prazer de comê-los, ou simplesmente porque são desagradáveis. Se tiver oportunidade, a mãe humana, ainda que esteja com seu amado filho no pensamento, não será sensibilizada pela solidariedade maternal e matará, sem piedade, os amados filhotes da mãe rato...

Também no cristianismo, a irmandade espiritual dos seres vivos foi exemplificada, embora não pelo Senhor Jesus. Ele sempre soube que Sua pregação seria curta, que não haveria tempo para cuidar da árvore; portanto, concentrou-se na missão de lançar a semente, pois, sendo boa, dela não poderia vingar uma árvore má. O bom coração não precisa que lhe ensinem o que é certo ou errado, porque a Força Superior automaticamente o guia para a Verdade/Bondade. Assim aconteceu com Francisco de Assis, protetor/amigo dos animais, que não foi ensinado por homens, mas sim "do Alto", e universalizou a Compaixão Cristã, mil anos após a morte física do Sublime Nazareno. No século 20, novamente o Amor Universal foi revivido e praticado durante 50 anos por Bhagavan Ramana Maharshi, que demonstrava tanto carinho/respeito/atenção por Seus devotos animais, quanto pelos devotos humanos.

 

Não sei se o Pequeno Buda está dotado de força interior suficiente para prosseguir no caminho correto, sem ser tragado por este mundo de ilusões, breves prazeres e longas dores; muito menos sei se tornar-se-á um Grande Buda, ainda nesta vida; porém, uma grande lição ele já nos deixou...

 

 

P.S.1: Mais de uma vez ouvi algo do tipo: "Eu como a carne de animais que já estão mortos", que significa: como já os mataram, não é errado comê-los. Só que esta justificativa é inválida, onde impera a lei da oferta e da procura: caso vire moda apreciar carne de gato, rapidamente surgirão abatedouros deste felino; se, ao contrário, não mais houver procura pela carne de animais, eles deixarão de ser sacrificados. Se a culpa fosse apenas de quem desfere o golpe fatal, o Pequeno Buda teria comido o animal morto que havia em seu prato.

 

 

P.S.2: Alguns meses atrás, ouvi um guia evangélico afirmar que não é pecado comer carne de animais, porque "Deus" os criou para alimentar o homem. Permaneci calado, pois não acredito que debates esclareçam assuntos espirituais. Felizmente, como o Reino de Deus está dentro de todos nós, se com humildade/sinceridade interiorizarmos a atenção, Ele começará a nos ensinar o que é Verdade/Justiça e, então, cada um saberá, sem sombra de dúvidas, se lhe convém ou não continuar participando (mesmo passivamente) da matança de animais.

 

 

        Link para baixar o vídeo (7MB):  pequeno_buda.avi

 

 

14/04/2014

 

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