PERDER TUDO, PARA GANHAR TUDO

 

 

"Quem perder a vida, por mim, ganhará a Vida" (Mateus, 16.25)

 

 

Ó, Senhor! Há muito me esforço, mas nenhum progresso espiritual percebo em mim. Socorre este seu pobre filho, Pai Amado! Arrasa com toda a maldade que satura este coração! Ensina-me o caminho da Paz, Senhor!

 

Filho meu, dizes que sou teu pai e estás certo: sou o Pai e a Mãe de toda a Criação. E, como tal, sei o que é realmente bom para meus filhos; porém, permito que vivam como quiserem, não sem frequentemente alertá-los, cada um de acordo com sua capacidade de compreensão, de que terão que arcar com as consequências de todos os seus pensamentos, pois estes são a causa única de suas palavras e atitudes. Na verdade, portanto, meus filhos sofrem, no presente, devido aos próprios erros cometidos no passado.

 

Sim, Pai, admito meus erros e arrependido estou. Como me livrarei do fardo de ignorância espiritual? Será eterna, esta pena? Onde buscar a resposta, senão em Ti?

 

Não, filho: o sofrimento não é eterno e o arrependimento sincero é o primeiro passo em direção à Paz ("Reino de Deus"). Como Criador, tenho poder sobre minha Criação e posso salvar meus filhos; contudo, tão somente o faço quando eles querem ser salvos.

 

Este seu filho quer a salvação!

 

Disseste "fardo" e o disseste bem, pois é a carga de todos os teus erros e ela não te concede um segundo, sequer, de descanso neste mundo. Como o homem se livra do que lhe é um estorvo? Ele, simplesmente, não o joga no lixo? Então, é isto que deves fazer: lança fora todo o teu fardo.

 

Senhor, se o fardo fosse material, saberia eu como lançá-lo fora; mas, sendo mental, como fazê-lo?

 

Eu sou o "lixo" para o fardo mental de meus filhos. Lança sobre mim, todos os erros que cometeste. Teus erros passarão a ser meus e eu mesmo sofrerei suas consequências; tu ficarás limpo e livre do sentimento de culpa.

 

Terei entendido corretamente, Senhor? Amas tanto assim, a ponto de assumir a pena pelos erros de teus filhos? Se é isto o que queres, Senhor do Amor, diz-me como proceder.

 

Sim, meu Amor é infinito e nem a mais aparentemente insignificante manifestação está fora dele. Faz assim: entra no teu aposento e tranca a porta, ou seja, fecha os olhos e esquece o mundo exterior, voltando a atenção para o mundo interior; então, executa silenciosamente, no coração, a transferência da tua carga de erros (e suas consequências) para mim. Atentamente, sinta o teu fardo se tornar mais leve, a Paz preenchendo o espaço desocupado pela "guerra". Não te surpreendas: a Paz Infinita nunca deixou de estar em todos, apenas aguardando uma chance para manifestar-se; as preocupações constantes e os desejos infindáveis, porém, a impedem de desabrochar em toda a sua glória. Faz o que te disse apenas uma vez, com fé total no sucesso. Se tiver a menor dúvida, não deves fazê-lo agora; aguarda tua fé amadurecer.

 

Tenho fé, Senhor!

 

............

 

Agora, não deves mais pensar que és um pecador e nem sofrer pelos erros passados, pois estás limpo de tudo o que acreditas ser "mal". Aquele mal, que era teu, agora é meu. Todavia, filho, esta é a parte fácil da salvação. Se não venceres a parte difícil, continuarás cometendo os mesmos erros e teu fardo em pouco tempo estará mais pesado do que antes; mais distante do que ontem, amanhã estarás, da Paz.

 

Tem piedade de mim, Senhor! Ajuda-me contra o que ainda preciso vencer.

 

Jogaste fora tudo o que te desagradava e, agora, também deves se livrar de tudo o que te agrada. Assim como renunciastes ao que chamas de mal/mau, tens que renunciar ao que consideras ser bem/bom. Espiritualmente, ainda és uma criança e não sabes discernir o que realmente é Bem/Bondade e o que te prejudica; portanto, apenas confia em mim.

 

O que queres, Senhor?

 

Quero tua individualidade/personalidade, aquilo que diz: "eu sou diferente e separado/independente dos outros", "eu sou assim e assado", "isto e aquilo são meus". Esquecerás o "fulano de tal", que acreditas ser. Esta crença, da qual o ser humano "normal" se envaidece/orgulha, é o único inferno que existe.

 

Mas, Senhor! Se te dou isto, o que me sobra? Como tal renúncia poderia me dar a Paz, que tanto anseio?

 

Filho amado: nunca encontrarás satisfação permanente nas coisas de um mundo transitório e o "fulano de tal" loucamente ama tal mundo; portanto, enquanto ele for teu guia, não terás Paz. Vive no mundo; mas, dele não sejas. És do mundo, pois dependes/necessitas das coisas mundanas. Não és livre, pois o mundo é teu senhor. Queres continuar nesta escravidão? O melhor remédio é sempre o mais amargo, lembra-te disto. Hoje, este remédio te parece cruelmente amargo; depois, no entanto, perceberás sua doçura.

 

Senhor... acho que entendo! Mesmo assim, ainda há algo, em mim, que se recusa a colaborar...

 

Este é o "adversário", o "tentador", o egoísmo, o amor-próprio, a autoestima. Tal é o maior inimigo do homem, e é ele que precisas vencer. Tem bom ânimo, porém, pois é impossível lutar somente quando não percebe-se que há algo contra o que é necessário lutar. Já há, em ti, sinceridade e maturidade suficientes para perceberes a existência do adversário interior, o responsável por todo o teu sofrimento; estás, portanto, pronto para a luta.

 

Estarei, Senhor? Como lutar contra algo em mim mesmo?

 

Não te preocupes com isto e confia em mim. Para completar a tua salvação, me dá o que falta, valendo-te do mesmo processo mental. Deves me dar tudo aquilo que ainda te acorrenta ao mundo, embora pareçam coisas boas, agradáveis, inofensivas e compensadoras. Quero tudo: tuas paixões, teus prazeres, teus sonhos e desejos, tuas vontades e preferências, tuas conquistas e posses, tuas doces recordações, teu corpo, tua mente, teu coração e tua vida. Nada mais será teu. Serás um ninguém, sem vínculos mundanos e totalmente livre. Não mais te envaidecerás por beleza física, habilidades ou inteligência, que percebes em ti, pois deixarão de ser tuas e passarão a ser minhas. Não mais dirás: "meu dinheiro", "minha casa", "minha bondade", "minha família", "minha saúde", etc., porque nada mais possuirás. Dos atos aparentemente bondosos que praticares, por nenhum poderás se orgulhar, pois não serão teus atos e, sim, meus. Por nenhuma recompensa deverás esperar, nem mesmo um simples "obrigado!": todos os agradecimentos e elogios serão para mim. E o mesmo vale para os benefícios, honras, elogios, gratidão e agradecimentos que recebestes ou recebes até hoje. Não há exceções. Nada tendo, nada temerás perder, e nem mesmo o maior dos ladrões, a morte material, assusta quem tudo deu para mim.

 

Pai amado, quanto queres de mim!

 

Sim, querido filho: quem muito quer, deve estar preparado para muito pagar. Se queres o máximo, o máximo correto da vida, o "Reino de Deus", o qual nada mais é do que Paz/Felicidade eternas e incondicionais, aqui e agora, então ao máximo tens que renunciar. A opção é continuares a viver na servidão ao mundo dos cinco sentidos físicos. Deves perder tudo, alegre e voluntariamente, para mereceres ganhar Tudo. Antes de seres digno de ressuscitar para a autêntica Vida, deves morrer para esta vida, que vende migalhas de alegrias e, por elas, cobra montanhas de sofrimentos. No entanto, o sacrifício de tal vida, que é morte espiritual, nunca foi em vão: esmiúça a história e não encontrarás sequer um ser humano, cuja consciência alcançou o "Reino de Deus", que tenha se arrependido e retornado ao mundo egoísta, o "reino do adversário". Ao contrário, aqueles abençoados pregam que o sacrifício verdadeiro é continuar vivendo como vivem tu e a esmagadora maioria de teus irmãos...

 

 

24/05/2017

 

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