QUEM É DE DEUS

 

 

Aproxima-se mais um ano novo que, como todos os outros, poucos dias após o réveillon já estará velho. Seguindo a tradição consolidada aqui na página "Os Destruidores de ilusões", no mês de dezembro é publicado um texto com o intuito de fustigar o mal e as nossas ilusões. Admito que isto é totalmente antipático e, se você não quer aborrecer-se, não prossiga com a leitura. Como sempre, alerto que encabeço a lista dos criticados.

O Natal, como foi concebido, seria um dia para voltarmos nossos pensamentos para o divino recém-nascido de Belém, "o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo". No entanto, o que acontece é bem diferente. A motivação original foi, aos poucos, sendo desvirtuada, até chegarmos ao que temos hoje: festas natalinas voltadas para todos os tipos de excessos, onde fartamo-nos com a carne de animais mortos, falamos mal dos ausentes, esperamos ganhar um bom presente do amigo oculto, etc., e nem um segundo sequer de pensamento na vida e nos ensinamentos do Cristo.

Afinal, quem é de Deus? Segundo os Sábios, só é de Deus quem não é do mundo ("Não podeis servir a dois senhores: ou amai a Deus ou amai ao mundo" - O Cristo). Como Eles, por Seus exemplos de vida, provam que assim é, então, apesar de quase todos acharem que são de Deus, na verdade somos do adversário de Deus (aqui chamado de 'mundo', pois o termo normalmente usado, para identificá-lo, é traumatizante). Entendo por "mundo" todas as nossas percepções interiores (sentimentos, opiniões, sensações, ambições, etc.) e exteriores, estas captadas pela visão, pela audição, etc. Este conjunto de percepções, internas e externas, acho que também poderia ser enquadrado no conceito "consciência individual".

 

Como é difícil conseguirmos discernir sobre esta questão, os Mensageiros do Altíssimo nos dão algumas indicações:

- Não é de Deus, quem deseja e busca os prazeres da vida;

- Não é de Deus, quem se deixa guiar por seus sentimentos, impulsos e opiniões;

- Não é de Deus, quem é rigoroso com os outros, mas complacente consigo mesmo (ou, em outras palavras: quem apenas interessa-se por direitos seus e obrigações dos outros);

- Não é de Deus, quem trabalha por um mundo 'melhor', buscando satisfação/lucro pessoal;

- Não é de Deus, quem faz da fé/religião, um negócio/profissão (por mais sinceros que pareçam seus sermões ou suas canções);

- Não é de Deus, quem sente necessidade infantil de afirmar ou pensar "Eu sou de Deus";

- É de Deus, quem nunca se abala diante das calamidades da vida;

- É de Deus, quem aceita o destino, por pior que pareça, sempre agradecendo a Ele e nunca pedindo nada para si mesmo;

- É de Deus, quem deposita seu consolo, suas esperanças e sua confiança unicamente Nele;

- É de Deus, quem não valoriza o próximo por suas vestes, diplomas ou posição social; mas, antes, pela pureza de seu coração.

- É de Deus, quem está sempre consciente Dele, independentemente de suas atividades cotidianas.

Como a missão desta página é destruir as nossas ilusões, esclarecimentos sobre as expressões "nunca pedir nada para si mesmo" e "depositar consolo/confiança unicamente Nele", me parecem necessários, pois, quem está lendo este texto, pode ainda não ter parado para refletir sobre estas questões.

As pessoas que oram, pedindo saúde e felicidade para seus semelhantes, acham que são boas e altruístas; porém, se observarem-se imparcialmente, perceberão que, na verdade, rezam pelos outros com a intenção de alcançar benefícios pessoais. Sim, porque esperam ganhar pontos no placar divino, devido à sua aparente bondade, e, como bônus, gozar o prazer de sentirem-se as responsáveis pela saúde/felicidade geral. Entretanto, este tipo de oração, além de não ajudar, prejudica. Prejudica a própria pessoa, pois alimenta o orgulho, já que ela considera-se alguém especial para o Criador, que sempre atenderia aos seus pedidos. Indiretamente, também prejudica o mundo, porque, quanto mais orgulho houver em cada ser humano, pior o mundo fica. Tratando-se de uma oração voltada para alguém em especial, ela nenhum poder tem para mudar a vida daquela pessoa, vida esta que é consequência de seus erros e acertos passados (carma ou destino). As mil e uma argumentações que agora poderiam ocorrer àqueles mais aferrados ao ego, já foram devidamente contestadas pelos Sábios e, as interpretações deste digitador, publicadas em textos anteriores.

O unânime ensinamento dos Destruidores de Ilusões, de que devemos confiar somente em Deus, pode parecer insensível e egoísta; contudo, não é, pois Eles não nos incitam a desconfiarmos dos outros. Ao contrário, Eles ensinam que devemos amar a todos, da mesma forma que amamos a nós mesmos (não apenas ensinam, pois esta é a parte fácil da instrução; mas, também agem exatamente assim, incondicionalmente). Entretanto, não deveríamos esperar nada do mundo, pois decepção e sofrimento são garantidos, cedo ou tarde. Depositar consolo/esperança/confiança somente Naquele que nunca nos abandona (embora, muitas vezes, achemos que isto aconteça) é a única atitude segura e sensata, para quem espera alcançar Paz e Felicidade.

 

    Voltando ao tema-título. Observe os seus pensamentos e o comportamento das pessoas à sua volta (sem criticar as atitudes delas) e você descobrirá que desperdiçamos 90% do dia, com os seguintes assuntos: dinheiro, sexo e comida (a ordem dos três varia, de acordo com as características de cada indivíduo). Quando não estamos comendo, estamos falando sobre comida ou pensando em comida e isto também vale para os outros dois principais prazeres da vida. Durante os 10% restantes do tempo, buscamos outras distrações para o corpo e para a mente, porque, justificamos: "ninguém é de ferro"... Choramos por prejuízos financeiros, por parentes/amigos mortos e por paixões amorosas; sonhamos com vinganças, alimentamos ódios e preconceitos, etc. Pouquíssimos investem sequer 30 segundos do dia, pensando em Deus. Quantos choram, sinceramente, por não serem Dele? A costumeira oração, na hora de dormir, é apenas um ato mecânico e sempre visando objetivos egoístas.

Se você compreender agora, com inabalável convicção, que não é de Deus, não desanime; este é o sinal de que Sua Graça finalmente ecoou em seu coração. Enquanto persiste a errônea sensação de que somos de Deus, a determinação de buscá-Lo não desperta em nós. Como ensina o Senhor Jesus, através da parábola do filho pródigo, o Pai sempre perdoa o filho, que, sinceramente, reconhece os seus erros e retorna, redimido, para a sua verdadeira casa. Por experiência própria sei que, para os desejos egocêntricos serem, gradativamente, substituídos por anseio pela Verdade (ou DEUS), é indispensável destruir a ilusão de que vivemos corretamente as nossas vidas. Contudo, não adianta tentar convencer ninguém disto: este texto destina-se àqueles(as) já estão prontos para perceber e aceitar esta Verdade. E hoje sei que, esta percepção, somente é possível quando a Graça Divina manifesta-se em nós; ou através de um Mestre exterior, ou através de um Mestre interior, sendo que, o 'surgimento' deste Mestre, é determinado, unicamente, pelo destino que cada um gerou para si. Nenhum dos filhos é o preferido do Pai, pois Ele ama igualmente a todos: a Graça está sempre presente; mas, apenas aqueles que, no curso da Existência, têm esforçado-se para caminhar em direção a Ele, podem senti-La. O mesmo acontece com um aparelho de rádio: embora esteja recebendo centenas de sinais de radiodifusão, ele apenas consegue captar alguma coisa, se estiver sintonizado na frequência certa. Portanto, o Pai não tem preferência especial por este digitador e pelos demais buscadores, que estão no Caminho. É importante frisar isto, para não sermos vítimas do orgulho e do sentimento de superioridade, sobre a parcela da humanidade que ainda está completamente cega. Os buscadores são meio cegos, pois o adversário de Deus (o ego/mundo) ainda impera sobre eles.

Expressões como "caminhar em Sua direção", não estritamente corretas, pois palavras são incapazes de exprimir sutilezas espirituais, podem reforçar a crença de que Ele é uma entidade separada de nós, um poderoso rei, sentado em um trono, no distante céu, mas isto é outra ilusão. A Verdade Libertadora foi perfeitamente sintetizada pelo Cristo: "O Reino de Deus está dentro de vós". Portanto, para sermos Dele, não precisamos sair do lugar e nem nos envolver com mundanidades: basta voltarmos a atenção sincera para dentro de nós e O encontraremos em nossos próprios corações, garantem Aqueles Que Sabem.

 

Se você encontrou este texto, entre milhões de outros na web, e não foi tocado pelas palavras acima, mas conseguiu lê-lo até o final, talvez pela curiosidade de saber até onde vai a insanidade do digitador, certo é que chegou a hora da divina dúvida ser semeada em seu coração: VOCÊ NÃO É O QUE PENSA SER. E a Semente (Graça) Divina, plantada no coração, nunca deixa de brotar, por mais que isto tarde...

 

 

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06/12/2008

 

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