VAIDADE  x  IMITAÇÃO DE CRISTO

 

 

Apesar de muitas vezes já ter lido o livro "Imitação de Cristo" (IC), até hoje me causa surpresa a constatação de não haver monotonia em suas releituras. Com esta pérola de Sabedoria diante dos olhos, aqui estou a digitar este texto. Percepções novas ocorrem a cada nova leitura e, a última, foi a da semelhança entre os conteúdos do "Livro Terceiro" desta obra ("Consolação interior") e do antiquíssimo livro sagrado "Bhagavad-Gîtâ" (BG). É provável que o humilde autor do IC, jamais tenha lido o BG; porém, isto pouco importa, pois, como afirmam os Sábios, só há uma Verdade e Ela existe desde sempre. E este não sábio confirma que não há apenas uma só Verdade, mas também que Ela nunca envelhece, é sempre adequada e atual, conforme sentenciou o Cristo: "Passarão os céus e as terras; mas, minhas palavras (isto é: a VERDADE) jamais passarão".

Por descuido de atenção, às vezes me deixo distrair pela pergunta: "Como pode, algo que é exatamente igual desde sempre, sempre parecer novo, renovado?". Felizmente, antes de alçar mais um voo intelectual/filosófico, me volto para o IC e leio o singelo conselho do autor: "Não te ponhas a esquadrinhar os mistérios da Vida, pois isto é vaidade; não busques entender [com a mente], mas sim crer [com o Coração]. Faz-te humilde, vazio de opiniões e teorias, para que chegue a ti a Graça Divina". Santa e oportuna reprimenda, aplicada nesta alma ainda criança!

É muito difícil perceber a ação danosa da vaidade, em nós, pois ela provoca prazer intenso, que nos cega para a percepção da Verdade. É preciso que, vez em quando, sejamos advertidos sobre isto, pelas pessoas mais experientes nos descaminhos da alma humana. Neste momento, sob a salutar influência do IC, percebo que algumas vezes foi a vaidade quem escreveu parte dos textos publicados aqui na página "Os Destruidores de Ilusões". E, como ainda não consegui vencer este inimigo, continuo sujeito aos seus caprichos; contudo, rogo diariamente ao Altíssimo que, a cada dia, o poder dela seja menor, sobre mim.

Caro buscador(a): como, enfim, percebo o mal que provoca a vaidade! Como antevejo a enorme tarefa, que é extirpá-la do coração! Até onde alcança a memória, observo como a cultivei e fiz com que crescesse forte e sadia, me dedicando, desde a adolescência, à aparência física, às atividades intelectuais, às ciências, à cultura geral, etc. Quanto orgulho por saber tanto sobre tantas coisas, por saber de tudo que acontecia no mundo... A consequência de tal sede de saber é esta: um enorme fardo mental de "verdades" (opiniões/teorias), que penosamente arrasto, tornando ainda mais difícil a caminhada espiritual. E, para o fardo intelectual não continuar aumentando, hoje em dia evito acrescentar mais conhecimentos mundanos, a este terrivelmente inflado ego. Da grande e diversificada coleção de livros que tinha, me desfiz de quase tudo, mantendo apenas alguns, necessários à atividade profissional, e, claro, aquela meia dúzia de livros realmente importantes, que são os companheiros que me inspiram e fortalecem, na busca pela verdadeira Vida. Quanto às anteriores beleza e força daquele jovem corpo, hoje só resta a lembrança de alguém com mais de 50 anos...

Neste estado de espírito, ainda sob a benéfica luz do IC, esqueço momentaneamente as mesquinhas misérias pessoais e vivencio a bem-aventurada existência dos humildes, aos quais pouco ou nada interessam as ciências/tecnologias, as religiões/filosofias e os modismos/frivolidades do mundo. Quão felizes e sossegados, eles são! Não é sem motivo que são os mais amados, pelo Pai Celeste ("Os últimos no mundo, serão os primeiros a entrar no Reino de Deus" - Jesus Cristo).

 

 

Senhor: peço-Te perdão por meus erros; dá-me força para me emendar e, um dia, ser digno de Ti.

 

16/10/2011

 

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